quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Quem matou Odete Roitman? De novo? Novela "vale tudo" lidera audiência na TV paga e comprova que brasileiro é "noveleiro".

Boa parte de nossos leitores não eram nascidos quando a novela "Vale tudo", uma das mais famosas da Rede  Globo estreou em 1988. Muitos nem eram nascidos, também, quando o brasileiro iniciou sua trajetória viciosa pela "novela nossa de cada dia".

O fato é que mesmo depois de 22 anos fora do ar a trama de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Basséres voltou a fazer sucesso e liderar a audiencia da TV por assinatura nas madrugadas. As super produções e séries da TV norte-americana que são o carro-chefe da TV paga no Brasil perderam espaço e audiência para o vício que o brasileiro tem por novelas e confirmaram a nossa fama de "noveleiros".


A trama que começou a ser reprisada no Canal Viva da Globo-Sat, no último dia 4/10, tinha como tema principal a seguinte pergunta: vale apena ser honesto no Brasil? Questionando justamente questões éticas e eternizando personagens a novela global chegava a atingir com frequência mais de 65 pontos de audiência, se tornando a segunda mais assistida da história da TV brasileira. Atualmente "Vale tudo", reexibida de segunda a sexta-feira, a partir da 00h45 tem 10 % a mais audiência que o segundo colocado, de acordo com o Ibópe.

No mesmo horário os canais mais populares das TVs por assinaturas, transmitem filmes e séries de sucesso, como é o caso da Fox, HBO, Warner, Universal Chanel, FX, Sony, dentre outras. A novela também é um fenômeno na web e nas redes sociais. O site do canal apresentou um crescimento de 80% e o Twitter do canal aumentou o número de seguidores em 300%.


Além da velha pergunta: Quem matou Odete Roitman? A trama conta história de Raquel Accioli (Regina Duarte), uma mulher batalhadora e honesta que, no começo da trama, mora com o pai Salvador (Sebastião Vasconcelos) e a filha Maria de Fátima (Glória Pires) em Foz do Iguaçu, no Paraná, onde atua como guia de turismo. O elenco conta ainda com nomes como Antonio Fagundes, Reginaldo Faria, Renata Sorrah, Cássia Kiss, Cássio Gabus Mendes, Lídia Brondi, Pedro Paulo Rangel, entre outros. Exibida pela primeira vez entre maio de 1988 e janeiro de 89, a novela foi vendida para 30 países, entre eles Alemanha, Itália, Espanha e Venezuela.

Os mesmos "noveleiros", as novas opções

Cena de Bela a Feia
Hoje as novelas das oito da Globo alcançam em média 40 pontos no ibópe, mostrando que a emissora perdeu espaço de mercado e de público. Mesmo a Globo estando em queda, regístros mostram que o brasileiro não deixou de ser "noveleiro". Na verdade ele migrou para outros canais que tem registrado alta no ibópe ao exibir suas novelas. A Record é um exemplo disto. A rede do bispo Edir Macedo construiu um imperioso complexo de estúdios no Rio de Janeiro, onde produz suas "novelinhas". Em horário alternativo e fugindo do horário nobre da Globo, as novelas da Record marcam boa audiência. Ao exibir o sucesso "Bela a feia", uma produção em parceria com a Televisa do Mexico, a Record chegou a atingir 25 pontos no Rio e 18 pontos de média em São Paulo.

Mesmo investindo pouco o SBT, também, tem agregado a cada dia que passa mais adeptos a suas novelas, geralmente remontagens de novelas antigas. Com a novela "Uma rosa com Amor"  o canal de Sílvio Santos chegou a atingir picos de 10 pontos. No confronto direto a novela do SBT bateu o “Jornal da Record”. Na década de 90 a Globo foi desafiada e perdeu a liderança do horário nobre na era de ouro da TV Manchete, com a exibição de Pantanal o Brasil viu uma verdadeira guerra pela audiência protagonizada por novelas. Pantanal atigiu médias de mais de 40 pontos, uma marca até então só atingida pela TV Globo.

A Globo Manipulando o povo? de novo?

Vale tudo foi exibida na década de 80, quando o Brasil vivia em meios a escândalos de corrupção e roubar era relevante para o brasileiro. O ano de lançamento da novela foi, também, período de transição do governo Sarney para o governo Collor. Quem assistiu deve se lembrar das leves alfinetadas que os três autores davam no governo da época, querendo indicar uma mudança junto a população. Collor, o candidato sem defeitos, maquiado e eleito por meio da Rede Globo, àquela época tinha grande ascenção nas pesquisas enquanto "Vale tudo" registrava mais de 50 pontos no ibópe.


Terá sido por acaso a reexibição de uma novela com este conteúdo em plena corrida eleitoral? Se nas eleições deste ano a Globo utilizou-se dos mecanismos do jornalismo de credibilidade que tem, para (claramente) defender sua bandeira pelos tucanos, outrora a rede carioca utilizava-se simplesmente de linguagens mais chulas e populares como suas novelas. Parece que a Globo percebeu que o povo não é mais o mesmo e que não engoliria, (de novo) as mesmas manipulações como as da década de 80. Mas, qualquer tentativa de manipulação foi por água a baixo, pois desta vez o país votou contrariar a poderosa.


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