sábado, 27 de novembro de 2010

Que herói é esse que o cinema nos deu de presente? Uma analise sobre o BOPE, o cinema e a guerra no Rio


Que herói é esse que o cinema nos deu de presente? Ele é o retrato dos policiais que precisamos ter no Brasil, ou o espelho do BOPE que desconhecemos? É o capitão Nascimento astro do filme Tropa de Elite, que na 2º edição da trama é mais implacável ainda com os bandidos, espanca político corrupto, mas acredita em uma polícia de elite que mata milhares de pessoas por ano. 

Este fato deve ter sido desconsiderado pelos jornalistas da Revista Veja, a maior revista de circulação da America Latina. A publicação que deveria ser crítica ultimamente tem se mostrado mais tendenciosa  do que nunca. Na última semana Veja embarcou na onda do sucesso alcançado por Tropa de Elite 2 e lançou como capa uma matéria surreal, que desconsidera fatos reais importantes sobre a polícia de Elite carioca. A Veja preferiu eleger um herói para o Brasil. "O PRIMEIRO SUPER HERÓI BRASILEIRO".



Para Andreia Gorito, doutorando na área de comunicação Social, professora e estudiosa de estética e cultura de massa, a Veja fez uma abordagem fora da realidade que simplesmente desconsiderou os fatos sobre a polícia do Rio de Janeiro, um dos alvos de crítica no filme. "Que herói é esse que o cinema nos deu de presente?", questionou Gorito.

"Sou uma estudiosa sobre o tema herói e ídolo. Eles são levantados pelo povo, e principalmente num país desigual como o nosso isso é até aceitável. Mas que herói é este que representa uma polícia que mata inocentes e diz que todos são bandidos? O BOPE não é tão bonzinho assim e não precisamos de um super herói como o capitão Nascimento. Prefiro os Ronaldos e Romários da vida", disse Gorito quando esteve em Macaé, para a IV Salecom.


Durante esta semana, mas sobretudo a partir de quinta-feira (25) o Brasil tem acompanhado atento todos os flashes de uma verdadeira guerra. É a guerra da Polícia carioca unida às forças armadas federais que lutam contra os bandidos que há 30 anos anos mantém o Rio refém do crime organizado. Os fatos da última semana fez o Brasil reacreditar na polícia, reacreditar na paz.

O garoto propaganda perfeito desta polícia mais honesta e mais comprometida já foi vista por mais de 10 milhões de espectadores no cinema em Tropa de Elite 2, que se tornou um fenômeno do cinema nacional. Na matéria de Veja o capitão Nascimento vivido nos cinemas pelo ator e jornalista Wagner Moura é um homem incorruptível que tem a missão de lutar contra o que ele chama de "sistema".


Cena do Filme Tropa de Elite 2






O sistema, no caso é a política, a polícia, as milícias, os esquemas de corrupção e tudo que está por traz da violência no Rio de Janeiro. Depois que o BOPE, o Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar se torna uma máquina de matar, (a mando do governo do estado do Rio de Janeiro), Nascimento descobre que seus maiores inimigos estão dentro da segurança pública que ele assume e por não compactuar com os erros dentro do órgão acaba sendo perseguido.

O personagem pode até ser um super-herói, mas na vida real a coisa e bem diferente. A Polícia carioca, ainda é corrupta, o governador ainda é o responsável pela desordem do Rio e o Brasil não deve engolir um herói que a Veja achou conveniente. Não mesmo.



Assista ao trailer oficial do filme


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